O Brasil viverá nesta quarta-feira, 17 de dezembro, um dos momentos mais importantes da história da ciência e tecnologia nacional: o lançamento do foguete HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o evento marca o primeiro lançamento comercial já realizado do território brasileiro, inserindo o país de vez no mercado global de veículos espaciais.
A missão, chamada Operação Spaceward, mobiliza cerca de 400 profissionais brasileiros e sul-coreanos em um processo de altíssima complexidade técnica. O foguete transportará cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por instituições e empresas do Brasil e da Índia — um passo inédito para a indústria espacial brasileira.
O que acontece antes da decolagem: uma coreografia de precisão
Dias antes da ignição do motor, dezenas de sistemas são testados, alinhados e sincronizados para garantir que tudo esteja em plena operação no momento do disparo. A FAB explica que a preparação segue uma cronologia minuciosa, com cerca de nove horas de verificações contínuas, avaliação de riscos, checagem de dados e decisões estratégicas.
Da saúde estrutural do foguete às condições de vento, pressurização, sensores, comunicação e segurança de voo, cada etapa passa pelos famosos checkpoints “GO/NO-GO”. Uma falha crítica em qualquer componente pode suspender a contagem.
“Cada atividade ao longo da cronologia existe para garantir que, quando o motor for acionado, o sistema esteja no mais alto nível de confiabilidade”, explica o Major Engenheiro Robson Coelho de Oliveira, chefe da Divisão de Operações do CLA.
Como a FAB controla o lançamento
A missão envolve múltiplas estações operacionais, todas interligadas:
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Centro de Controle – cérebro da operação
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Telemetria – monitora dados de voo em tempo real
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Radares – acompanham trajetória e estabilidade
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Casamata – aciona o painel de disparo e a linha de fogo
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Segurança de voo – pode interromper o lançamento ou neutralizar o foguete, se necessário
Nos dez segundos finais, quando todos os sistemas confirmam “GO”, inicia-se a contagem regressiva que culmina no H0, momento exato da ignição.
Se, durante o voo, o foguete apresentar comportamento anômalo, a Estação de Segurança de Voo pode realizar a terminação do veículo, preservando vidas e estruturas em solo.
“A segurança é a premissa máxima em qualquer operação espacial”, reforça o Major.
Um marco estratégico para o Brasil
A missão consolida Alcântara como um dos polos espaciais mais promissores do planeta, devido à sua localização privilegiada próxima à linha do Equador — condição que reduz custos e aumenta eficiência energética nos lançamentos orbitais.
Com mais de quatro décadas de operação e mais de 500 lançamentos realizados, o CLA chega ao ponto mais alto de sua trajetória.
“É um marco que demonstra nossa maturidade técnica e insere o Brasil no mercado global de lançamentos comerciais. Alcântara se firma como um polo estratégico espacial, atraindo investimentos, empresas e inovação”, afirma o Major Robson.
O voo do HANBIT-Nano é resultado do edital de chamamento público lançado em 2020 pela AEB, que selecionou a Innospace para operar no CLA. O contrato foi assinado com o Comando da Aeronáutica em 2022.
